A socialização é o principal fenômeno estudado pela Sociologia. Todas as reflexões feitas pelos sociólogos sobre a vida em sociedade têm origem neste processo elementar. Ela está presente em praticamente tudo que fazemos e pensamos, por mais individual que possa parecer; desde a aprendizagem de conteúdos escolares até o divertimento ao assistir séries, filmes e vlogs na internet; da sua opinião sobre a política até seu prato preferido; da roupa que você escolhe usar até o estilo musical com o qual você mais se identifica.
Podemos entendê-la como o processo pelo qual o indivíduo aprende e ensina propositalmente ou sem se dar conta as regras, hábitos, costumes, códigos, técnicas, tecnologias, descobertas científicas, imagens, representações, valores e interesses que fazem parte das identidades dos diferentes grupos sociais ou são comuns a todos eles; logo, ajudam os indivíduos a se orientarem no seu dia a dia.
Segundo o sociólogo Émille Durkheim (1858-1917), a socialização é o fenômeno pelo qual as gerações mais novas aprendem com as mais velhas a viver de acordo com as regras sociais.
Segundo o sociólogo Émille Durkheim (1858-1917), a socialização é o fenômeno pelo qual as gerações mais novas aprendem com as mais velhas a viver de acordo com as regras sociais.
Cena do filme "Matilda" (1996). Direção de Danny DeVito. |
Mas é certo que este processo é muito mais do que a transferência de saberes dos mais velhos aos mais novos: os mais novos também socializam entre si, e socializam os mais velhos inventando e compartilhando novas práticas, modas, novos gostos, invenções, novas ideias e novos valores que podem transformar o mundo ou apenas adaptá-lo, dependendo do grau de conservadorismo numa sociedade.
Adiante, podemos perceber que a consequência do processo de socialização é criar um horizonte em comum para todos, ou seja, um conjunto de saberes que será compartilhado com todos, permitindo o mínimo de entendimento e unidade entre os mais diferentes grupos sociais. Chamamos este fenômeno de senso comum – um consenso tácito sobre o que é supostamente verdade e moralmente aceito ou reprovável pela sociedade.
Pelo fato da socialização do senso comum ocorrer desde o momento que nascemos (o significado, a maneira e as condições pelas quais nossas mães nos dão à luz, as roupas e adereços que colocam em nós ao saírmos da maternidade - no caso de existir uma e você ter acesso a ela), achamos que a maneira como vemos o mundo e nos orientamos nele diariamente é uma verdade óbvia, inquestionável, da mesma forma que não nos perguntamos ao sair de casa por que o céu é azul. Chamamos, portanto, este fenômeno de naturalização das relações sociais.
Cena do filme "Matilda" (1996). Perceba como a socialização pode transformar características físicas em justificativas para a dominação de grupos sociais. Quais são os grupos representados acima?
Logo, por considerarmos nossa realidade cotidiana como natural, e não social, isto é, construída por gerações anteriores e atualizadas por nós diariamente, acabamos considerando como normais alguns padrões sociais de comportamento. Quais são eles? Como são socializados?
"Meninos vestem azul e meninas vestem rosa!". Por quê? - Disponível em WeMystic.com.br |
Consideramos normais também as imagens que temos sobre diferentes culturas, povos, tribos urbanas e grupos raciais/étnicos – muitas vezes, estas representações, baseadas em estigmas, são, na verdade preconceitos, que legitimam a discriminação, segregação, exclusão e até mesmo o extermínio de minorias sociais. Apesar de vivermos numa sociedade que defende, a partir da escola e dos meios de comunicação, a valorização da diversidade cultural, a partir do respeito ao próximo, ainda é comum presenciarmos nos mais diferentes agentes de socialização, inclusive nas instituições de ensino e na mídia, a reprodução social de imagens excludentes.
Que pensamentos, sentimentos e ações podem surgir ao vermos esta imagem? Como influenciam nosso cotidiano? Em 2018, a partir de estatísticas subnotificadas, nosso país foi indicado pelo segundo ano seguido o que mais mata LGBT's numa lista de 72 países pesquisados. Imagem disponível em Star Observer. |
Assim, muitos indivíduos não questionam a realidade social, encarando como natural – ou seja, “do ser humano” – as questões públicas relacionadas à diversidade cultural, como a desigualdade social; o racismo; a homofobia; a violência contra a mulher; a violência contra os povos indígenas; a gravidez na adolescência; o déficit habitacional; a falta de transporte público em determinadas regiões e horários; a concentração de terras e o latifúndio; a violência urbana e rural; a criminalidade; o aquecimento global; a destruição das florestas; a corrupção; o subdesenvolvimento do país; enfim, os direitos humanos.
Portanto, a principal tarefa da Sociologia na escola é capacitá-lo a estranhar a realidade social, ou seja, desnaturalizar o cotidiano e sua história, fazendo-o estabelecer pontes entre seus problemas pessoais e as questões públicas. Para isto, é necessário estarmos dispostos a questionar todas as nossas certezas (o senso comum), inclusive as da Sociologia e de outras disciplinas escolares. O quê? Quem? Quando? Por quê? Para quê? Como? Estas são as “palavrinhas mágicas” que não costumamos aprender a dizê-las em casa ou na escola, mas podem nos ajudar a ter uma postura científica e ao mesmo tempo de cidadão crítico, interessado na construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, que valoriza a diversidade cultural e a pluralidade de ideias, sem esquecer da dignidade do ser humano e dos povos.
Enfim, como podemos contribuir para a valorização da diversidade cultural na sociedade brasileira? Será que basta apenas pregar o respeito ao próximo? Na verdade, não existe resposta pronta, e nem existirá: mas acredito ser necessário que cada um esteja disposto a construir soluções pelo diálogo entre os diferentes, isto é, aprender com a diversidade cultural. Portanto, outras socializações são necessárias: mais pontos de vista diferentes enriquecem o debate e nos ajudam a ver diferentes alternativas para lidar com questões que afetam a todos cotidianamente.
No link abaixo vamos ver uma imagem de desigualdade social, ao meu ver no momento estamos em uma guerra contra a fome, sofrendo com a tal "crise".
ResponderExcluirVárias pessoas podem ter o mesmo pensamento que eu mas várias também pensam diferente e acham normal a minoria ser "ricas" viverem bem e serem privilegiadas, e a maioria passar necessidades não tendo direito de viver bem!
O capitalismo e um fator importante mas tem muitas outras questões que influenciam no estado do nosso país no momento!
Existe sim saídas mudanças a serem tomadas para diminuir a fome, a falta de saneamento básico, o desemprego etc...
http://controversia.com.br/wp-content/uploads/2018/02/pobreza-favela-miseria-700x360_c.jpg
Acredito que responder os questionamentos feitos a partir deste texto não seja tão difícil a ponto que não seja feito e nem tão fácil a ponto que seja feito de qualquer formar.
ResponderExcluirUmas das soluções para os problemas e respeitar, desde a não aceitação do individuo a certas formas de comportamentos, culturas e demais itens citados nos texto ate a aceitação, visto que aceitar não e concordar. apenas devemos mostrar formas que sejam convincentes o suficiente ao individuo para que ele possa enxergar aquele comportamento como normal e ate convencer de que seja necessário ajudar ao individuo, a não obrigação de aceitação pode vir a causar uma curiosidade do individuo a conhecer a historia daquele povo e por fim acabar entendo que a diversidade e necessário e assim acaba se gerando uma aceitação.
Welbert Caetano - Proeja 3A
Na minha geração deparei-me com todos os tipos de preconceito, começando de dentro da minha casa, minha avó materna era extremamente racista, meu pai também, minha mãe machista e todos homofóbicos. Conforme fui crescendo e interagindo com o mundo exterior, passei a conviver com pessoas, negras, homossexuais... Conheci também homens gentis e que não aderiram ao machismo. E ao longo do tempo estou percebendo que com a educação que estamos dando aos nossos filhos e netos, tanto nós pais como professores, aos meus olhos essa geração esta mais consciente e vejo que em um breve espaço de tempo, tudo isso fará parte do passado. Dora Felisbino - Proeja 3A
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